Celina Veiga de Oliveira
Investigadora
Que eu, desde a partida,
Não sei onde vou.
Roteiro da vida.
Quem é que o traçou?
Camilo Pessanha, Clepsidra
As questões da diáspora, palavra de origem grega que significa dispersão, têm merecido o interesse, entre outros intelectuais, de sociólogos, historiadores e antropólogos, que procuram entender as causas e os efeitos das migrações históricas ou actuais nas comunidades que a elas tiveram de recorrer.
No seu ensaio “Diasporas”2, o antropólogo e historiador americano James Clifford interroga-se sobre se os discursos pós-coloniais da diáspora representam experiências de deslocamento, de construção de casa longe de casa, e quais as experiências que rejeitam, substituem ou marginalizam. O autor constata não só a ambivalência política das visões da diáspora, sempre enredadas em poderosas histórias globais, como a realidade de as histórias de deslocamento mostrarem somente particularidades ou momentos de diáspora. A História da Humanidade inclui, em todos os tempos, ondas de deslocamento de populações. Macau não foi excepção. O século oitocentista daquele pequeno enclave do sul da China presenciou os primeiros movimentos migratórios da sua população macaense.
Se exceptuarmos África, em todos os outros continentes há representações de Casas de Macau e de Centros Culturais ligados a Macau, que testemunham a diáspora macaense3.
Casas de Macau no mundo.
Esta diáspora global de Macau é tanto mais impressionante quanto exíguo o espaço geográfico que lhe deu origem. Macau teve sempre, ao longo da História, uma relevância política, diplomática e civilizacional sem correspondência com a sua irrelevância territorial.
Desde o estabelecimento dos portugueses em meados do século XVI, a pequena península, encravada no sul do império chinês – esse império sem necessidades, muito fechado sobre a sua auto-suficiência –, foi sempre um 'cais' de chegada e de partida de populações variadas, facto que lhe imprimiu a característica de se sentir confortável com a diversidade.
Cantão, situada no delta do rio das Pérolas e único porto da China aberto ao mundo, adquiriu, por esta razão, importância estratégica dentro do Império, com reflexos no quotidiano do estabelecimento português. Era nesta metrópole que se realizavam, em épocas pré-determinadas pelas autoridades imperiais, os negócios com os estrangeiros de diversas nacionalidades. Findo esse tempo, os comerciantes eram obrigados a sair, retirando-se para Macau, onde viviam e geriam as suas firmas comerciais4.
Esta situação alterou-se no século XIX, após a derrota da China nas Guerras do Ópio. A primeira guerra, disputada com a Inglaterra (1839-1841), permitiu o estabelecimento britânico na ilha de Hong Kong e impôs a assinatura do Tratado de Nanquim, em 1842, que obrigou o Celeste Império a abrir ao comércio internacional os chamados Cinco Portos do Tratado: Cantão, Amói, Fuchau, Ningpó e Xangai.
Casa Garden, actual sede da Fundação Oriente, que pertenceu
à Companhia Britânica das Índias Orientais.
A segunda, entre 1856 e 1860, de novo entre a Inglaterra e a China, mas com o apoio de outras forças – França, Estados Unidos da América e Rússia –, vergou o Império a aceitar outras medidas: abertura de mais portos ao comércio internacional, liberdade de movimentos para comerciantes e missionários cristãos e criação de legações estrangeiras em Pequim (Tratado de Tianjin).
O ano de 1842, assinalando o triunfo do poder inglês, consagrou uma viragem estrutural na história da região, com reflexos directos no território de Macau, tornando-o dispensável enquanto espaço a partir do qual se estabeleciam os contactos com a China, e iniciando o correlativo movimento das migrações. A dinâmica suscitada pela proximi- dade da poderosa Inglaterra e de outras potências estrangeiras e o enfraquecimento económico do enclave português estimularam os macaenses a procurarem alternativas de vida em cidades portuárias vizinhas, quer como opção para estender negócios familiares, quer pela necessidade de acompanhar as estratégias de expansão de casas comerciais pertencentes a terceiros, normalmente britânicos ou americanos, quer ainda como resposta a períodos de crise económica5. Estas migrações macaenses tiveram como palco espacial o triângulo formado por Macau, território administrado por Portugal, Hong Kong, colónia resultante de um conflito militar, e Xangai, cidade internacional governada por três poderes: a Concessão Internacional, gerida pela elite económica das potências estrangeiras, a Concessão Francesa, administrada por um cônsul francês, e a Cidade Chinesa, sob a tutela do poder mandarínico6. Hong Kong e Xangai emergiram rapidamente como centros do comércio internacional na Ásia Oriental.
Mapa do Delta do Rio das
Pérolas, vendo-se a proximidade
entre Macau e Hong Kong.
O primeiro destino da diáspora de Macau foi a colónia britânica do outro lado do delta, acompanhando a instalação dos ingleses na ilha. Transferiram-se, para o novo empório ocidental, empresas, funcionários e dinheiro. As firmas comerciais inglesas de Macau e de Cantão, uma parte da população marítima e muitos comerciantes hong mudaram de residência, devido à força centrípeta exercida por Hong Kong na dinâmica comercial. Foi uma considerável sangria a que se verificou em Macau, segundo o testemunho de D. Jerónimo José da Mata, bispo de Macau entre 1845 e 1862. Observava o prelado em 1846 que (...) o triste estado, em que se acha este Estabelecimento, cuja riqueza consistia unicamente no comércio, e cuja decadência cresce em proporção do progressivo aumento, que se observa em seu rival, o novo Estabelecimento Inglês em Hong-Kong. Acresce que para lá vão emigrando quotidianamente, e até alguns com as próprias famílias, muitos mancebos de Macau, que acham emprego ali em casas comerciais, e noutros ofícios e mesteres, porque não encontrando, nem tendo aqui meios de vida, vão procurar o pão em país estrangeiro7.
A experiência secular de negócios com a China, o conhecimento da idiossincrasia chinesa (sobretudo mandarínica) e o domínio do cantonense e do inglês constituíram factores determinantes do sucesso dos portugueses de Macau em Hong Kong. Esta comunidade, sedimentada por casamentos entre si, e com fortes vínculos familiares – aqui teem elles paes, maes, irmãs e esposas8–, nunca se desligou culturalmente dos valores lusitanos, como atestam as celebrações do Tricentenário de Camões, em 18809, uma celebração cultural que serviu para vincar a sua identidade em confronto com o peso esmagador da supremacia inglesa.
Xangai foi o destino seguinte da diáspora de Macau. Os primeiros macaenses chegaram a este porto no final da década de 1840, atraídos pelo seu crescente dinamismo económico10. Dotado do estatuto privilegiado de cidade internacional, este porto incluía uma área concessionada às potências ocidentais, governadas por uma autoridade consular, com grande autonomia em relação ao poder de Pequim, nomeadamente o direito de extraterritorialidade. O espaço das concessões em Xangai ficou localizado na margem esquerda do rio Huangpu, onde se instalaram os cais e as alfândegas que passaram a centralizar a actividade comercial da cidade.11
Mapa da China, assinalando o
porto de Xangai (Shanghai).
Os portugueses, que ali viviam com as famílias, foram, sobretudo, empregados de comércio e tipógrafos que trabalhavam para patrões estrangeiros. Segundo Alfredo Gomes Dias, a dependência política e económica que caracterizava as relações entre Portugal e a Inglaterra daquele tempo espelhou-se nos estatutos sociais adquiridos pela comunidade britânica e macaense de Xangai. Essa diferença de estatuto social afastou a comunidade macaense dos centros de decisão política e governativa da cidade, ao contrário do que sucedeu em Hong Kong, onde se verificou uma participação relevante de muitos migrantes de Macau em algumas das estruturas administrativas da colónia britânica12.
O termo da Guerra do Pacífico em 1945 e a implantação da República Popular da China em 1949 determinaram o fim das concessões estrangeiras em Xangai, o que provocou uma autêntica debandada, o mesmo sucedendo com Hong Kong após a invasão japonesa em 1941. O número de refugiados acolhidos em Macau foi enorme.
A partir de então, a diáspora macaense dispersou-se por todos os continentes, rompendo com a tradição que tinha como destino as cidades próximas da China. Foram outros os locais escolhidos para uma nova vida, outros os continentes, onde nasceram as comunidades macaenses que ainda hoje, no início do século XXI, continuam a tentar preservar a sua identidade e os vínculos ao seu território de origem: Macau. Assim, os EUA, o Canadá e o Brasil; Portugal e a Grã-Bretanha; África Lusófona e Austrália foram os principais entre muitos territórios por onde se dispersaram as comunidades macaenses13.
Ao longo do movimento migratório, muitos foram os que adquiriram, pela sua personalidade, considerável protagonismo, quer na vizinha colónia britânica, quer na cidade internacional de Xangai. Alguns exemplos:
POLICARPO ANTÓNIO DA COSTA
Policarpo António da Costa
(1837-1884).
(1837-1884), um macaense pouco conhecido dos manuais de História de Macau, evidenciou-se pela posição profissional que alcançou em Hong Kong e pelos seus escritos reveladores de um espírito livre, crítico e empenhado na defesa dos avanços científicos de Oitocentos. Foi secretário da Hongkong, Canton & Macao Steamboat Co., cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (1883) e membro da Sociedade de Geografia e Antropologia de Estocolmo14. O elitista Club Lusitano de Hong Kong, símbolo da comunidade macaense e que tanto contribuiu para a sua afirmação na estrutura social da colónia, escolheu-o para elaborar as Memórias dos Festejos, uma compilação das intervenções do programa do Tricentenário de Camões, momento alto de afirmação identitária da comunidade portuguesa na ilha britânica.
Policarpo da Costa revelou-se um conhecedor das teses darwinistas, que criaram o contexto para uma outra compreensão da longa caminhada da vida e colocaram em questão pontos fundamentais da compreensão cristã da Criação. Entre os seus escritos, deixou-nos a obra Defeza do Darwinismo, que, como o título sugere, evidencia um alinhamento com as correntes científicas do século XIX.
CARLOS MONTALTO DE JESUS
Carlos Montalto de Jesus
(1863-1927).
(1863-1927), um grande e injustiçado historiador de Macau, nas palavras do investigador António Aresta 15,foi o autor de Historic Macau (1902), uma das mais conhecidas obras sobre a História do território. Na introdução à versão portuguesa, com o título de Macau Histórico, o historiador Carlos Estorninho classificou-a como a glória e o martírio de Montalto de Jesus16. Glória, porque constituiu a sua consagração como historiador e como macaense, granjeando-lhe o respeito da crítica e das autoridades de Macau, que consideraram o livro como o melhor trabalho de conjunto sobre o estabelecimento português na China Meridional.17 Em versão inglesa para garantir uma maior divulgação internacional e o conhecimento do seu conteúdo pelas numerosas comunidades portuguesas de Hong Kong, Xangai e de outras cidades portuárias da região, o livro foi um best-seller e a edição esgotou-se em pouco tempo. Martírio, porque a 2.ª edição, publicada em Macau em 1926 e igualmente em inglês, incluía uns capítulos com críticas a um regime colonial míope e alusões à trágica situação em Portugal, defendendo o autor que Macau fosse colocado sob a tutela providencial da Liga das Nações como salvaguarda contra mais ruína18, o que provocou o repúdio dos que consideraram esta proposta como uma grave ofensa aos valores pátrios. As autoridades de Macau ordenaram a apreensão e a destruição pelo fogo dos exemplares existentes no território. Outros ventos, que não os da República que ele tanto prezava – apesar da decepção que sentiu quanto ao rumo que este regime tomou em Portugal e na China –, sopravam então em Macau, como consequência do novo quadro político saído da revolução de 28 de Maio de 1926.
Montalto de Jesus, que viveu em Hong Kong e em Xangai, escreveu, entre outras obras, The Rise of Shangai (1906) e Historic Shangai (1909). Homem culto, tornou-se sócio correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa a 9 de Novembro de 189619e foi um activo militante do Partido Republicano.
ROGÉRIO HYNDMAN LOBO, conhecido por Sir Roger Lobo
Rogério Hyndman Lobo
(1923-2015).
(1923-2015), veio a afirmar-se, já no nosso tempo, como uma das mais proeminentes personalidades da comunidade macaense em Hong Kong, como empresário, político e filantropo. Foi membro do Conselho Executivo de Hong Kong, (1967-1985), do Conselho Legislativo (1972-1985), do Urban Council, presidente da Caritas, presidente do comité consultivo da Independent Comission Against Corruption, e conselheiro honorário de várias instituições.
A rainha Isabel II fê-lo “Knight Bachelor” em 198520, com o seguinte brasão de armas para si e seus descendentes: Argent, three wolves passant in pale sable langued and cloawde Gules between two pales wavy Azure all between four Bauhinia flowers proper; crest upon a Helm with wreath Argent and Sable two demo wolves couped Sable langued and clawde Gules supporting between them a Bauhinia flower proper. Mantled Sable – doubled Argent as are in the margin.21
ARTUR JOSÉ DOS SANTOS CARNEIRO
Artur José dos Santos Carneiro
(1905-1963).
(1905-1963), “Art”, para os amigos e admiradores, filho de um rico comerciante de Xangai, cuja vida esteve ligada à música em permanente sintonia. Virtuoso violinista, fez parte da Orquestra Sinfónica Municipal de Xangai. Enveredou depois pelo mundo do jazz, tocando outros instrumentos, como o saxofone-tenor, o clarinete, o acordeão-piano. Viveu e trabalhou como músico em Singapura, Londres, Monte Carlo, Hong Kong (onde esteve até ao início da Guerra do Pacífico) e Macau. No fim da Guerra regressou a Xangai, mas a instabilidade que se vivia obrigou-o a voltar ao seu périplo asiático: Hong Kong, Singapura e Cochim, na Índia. Em 1947, veio com a família para Portugal, tocando no Casino Estoril e no American Club, na base aérea das Lages, nos Açores22.
Músico de grande qualidade, era pai de Roberto Carneiro – professor da Universidade Católica, ministro da Educação, presidente do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, e presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau, entre 1998 e 2004 – e avô da maestrina Joana Carneiro, a quem legou o gosto pela música.
DEOLINDA DA CONCEIÇÃO
Deolinda da Conceição
(1914-1957).
(1914-1957), escritora e jornalista, autora do livro de contos Cheong-Sam, a Cabaia, que elegeu como tema central a situação da mulher chinesa, é um exemplo carismático da triangularidade relacional entre Macau, Hong Kong e Xangai. Nasceu em Macau, viveu em Xangai e em Hong Kong e regressou a Macau após a invasão da colónia britânica pelo Japão, onde trabalhou como jornalista no jornal Notícias de Macau. Curiosamente, numa das suas crónicas do jornal, Deolinda da Conceição reflecte sobre a idiossincrasia do macaense e, igualmente, sobre o macaense da diáspora:
Há ainda quem neste século das luzes ignore a personalidade do macaense. Descendente daqueles primeiros filhos de Portugal que aqui vieram estabelecer-se, o macaense tem, é certo, nas suas veias sangue de outras gentes (...), mas, longe de o depauperar, esta circunstância valorizou-o grandemente. No campo cultural o macaense tem-se mostrado duma admirável capacidade de assimilação. Raro é aquele que, além da sua, não fale mais duas línguas. Todo o macaense fala o chinês e o inglês, sendo ainda muitos aqueles que manejam com facilidade o francês.
Fora de Macau, espalhados por este vasto Extremo Oriente, os macaenses, formando importantes comunidades, contribuem com o seu esforço e trabalho para a valorização das terras onde foram conquistar o pão de cada dia23.
Jorge Rangel
(1943 -).
Por último, um macaense nascido em Macau, cuja família é originária de Portugal, Goa e Alemanha, mas com três gerações em Xangai: JORGE RANGEL, ex-membro do Governo de Macau, fundador e presidente do Instituto Internacional de Macau, grande dinamizador da ligação entre as diversas Casas de Macau através de iniciativas que alicerçam e mantêm a identidade dos seus membros. Sobre as suas origens, são de Jorge Rangel estas palavras: O meu avô paterno, António Maria Óscar Rangel (...) nasceu em Xangai e era filho de Ildefonso Rangel, conhecido jurisconsulto, natural de Macau e radicado naquela cidade internacional. Foi ali que também nasceu o meu pai, filho de Marianne von Hartwig Hagedorn, uma baronesa de nacionalidade alemã. (...) Com a queda de Xangai [o meu avô] seguiu para Macau como refugiado, na companhia de muitos portugueses ali generosamente acolhidos – Macau foi sempre a terramãe dos portugueses do Oriente Extremo –, deixando em Xangai para sempre praticamente todos os seus bens. A família de Jorge Rangel tem dez gerações de continuada presença em terras do Extremo Oriente.24.
A China viveu no século XX grandes transformações políticas: a queda da dinastia Cheng, a implantação da República e as turbulências que se lhe seguiram, a invasão japonesa, a guerra entre as forças nacionalistas e maoístas, a implantação da República Popular da China, em 1949, a Revolução Cultural maoísta entre 1966 e 1976, e a política de abertura ao mundo, com o restabelecimento das relações diplomáticas e a aplicação do célebre conceito “Um país, dois sistemas”, que possibilitou a recuperação da soberania sobre Hong Kong em 1997 e sobre Macau em 1999.
Macau assistiu a estas transformações, ora como um espectador atento, ora sofrendo as suas ondas de choque, como sucedeu com os acontecimentos do '1, 2, 3' em 1966, ora como protagonista, durante o Período de Transição entre 1987 e 1999.
Tanto os acontecimentos do '1, 2, 3' como a incerteza sobre o futuro de Macau durante o período de transição foram responsáveis pela partida de muitas famílias macaenses, que procuraram refúgio junto de familiares e de amigos já emigrados, em diversas partes do mundo: Austrália, Canadá, Estados Unidos da América, Inglaterra, Brasil e Portugal. Daí, a existência de Casas e Centros Culturais de Macau em quatro continentes.
Por seu lado, a República Popular da China soube dar crédito aos seus compromissos internacionais. Macau, agora uma Região Administrativa Especial da RPC, continua a ser um território de paz, de procura e de construção de futuro, onde recorrentemente os macaenses da diáspora se reencontram com familiares, amigos, costumes, festividades e memórias.
Bibliografia
- Aresta, António, “Eça de Queiroz e a emigração chinesa de Macau” (a sair).
- Clifford, James, “Diasporas,” in The Predicament of Culture: Twentieth Century Ethnography, Literature and Art
- (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1988).
- Conceição, Deolinda da, “Macau e os Macaenses”, Notícias de Macau, Macau, 1950. Costa, Policarpo António da, Defeza do Darwinismo, Hongkong, 1880.
- Dias, Alfredo Gomes, Diáspora Macaense, Macau, Hong Kong, Xangai (1850-1952), Centro Científico e Cultural de Macau/Fundação Macau, Lisboa, 2014.
- “Entrevista a Jorge Hagedorn Rangel”, Macau, Setembro de 2013.
- Forjaz, Jorge, Famílias Macaenses, Fundação Oriente/Instituto Cultural de Macau/Instituto Português do Oriente, Macau 1996.
- Jesus, Carlos Montalto de, Macau Histórico - Primeira Edição Portuguesa da Versão Apreendida em 1926, Livros do Oriente, Setembro de 1990.
- Rangel, Jorge Hagedorn, Falar de Nós - I, Macau e a Comunidade Macaense - Acontecimentos, Personalidades, Instituições, Diáspora, Legado e Futuro, Instituto Internacional de Macau, Fundação Jorge Álvares, Macau, Dezembro de 2004.
- Conferência proferida no Primeiro Congresso da Sociedade Civil da Diáspora Lusófona, realizado no Salão Nobre da Academia das Ciências de Lisboa, nos dias 20 e 21 de Novembro de 2015. O tema aqui versado refere-se unicamente à diáspora dos portugueses de Macau.
- James Clifford, “Diasporas”, in The Predicament of Culture: Twentieth Century Ethnography, Literature and Art (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1988), 244–77.
- Casas e Centros de Macau no mundo: EUROPA - Casa de Macau, com sede em Lisboa; Fundação Casa de Macau, com sede em Lisboa; Centro de Documentação de Macau da Fundação Casa de Macau. ÁSIA - Club Lusitano de Hong Kong, a mais antiga Casa da Diáspora; Clube de Recreio, com sede em Kowloon. OCEANIA - Casa de Macau, com sede em Sidney, Austrália. AMÉRICA - Brasil: Casa de Macau do Rio de Janeiro; Casa de Macau de São Paulo, ambas com sede própria. Canadá: Casa de Macau no Canadá (Toronto); Casa de Macau Vancouver; Macau Cultural Association of Western Canada; Club Amigu di Macau, com coro e orquestra de instrumentos musicais chineses. Estados Unidos da América: União Macaense Americana (UMA), a mais antiga Casa; Casa de Macau de Califórnia; Lusitano Club of California; Macau Cultural Center - MCC (Centro Cultural de Macau, Fremont, California), sede recreativa e social das 3 Casas; Macau Heritage and Cultural Institute, centro de estudos que promove seminários e exposições ligadas a Macau.
AsCasas estão ligadas a Macau através do Conselho das Comunidades Macaenses, com sede em Macau, e de parcerias com outras instituições, como o Instituto Internacional de Macau. - A Casa Garden, que foi sede da Companhia Britânica das Índias Orientais, é um exemplo da opulência que alcançaram muitas dessas firmas estrangeiras. No jardim que a ladeia, diz a tradição que Luís de Camões escreveu parte de Os Lusíadas. Ainda continua a ser um local de celebração do nosso poeta épico.
- Alfredo Gomes Dias, Diáspora Macaense, Macau, Hong Kong, Xangai (1850-1952), 241.
- Idem, 133.
- Idem, 258.
- Idem, 330.
- A nossa communidade elevou-se no conceito dos estrangeiros com a celebração do Tricentenário de Camões. A imprensa local elogiou a festa, Sir John Pope Hennessy escreveu ao nosso estimado compatriota o sr. José Antonio dos Remedios, presidente da Commissão do Tricentenario, pedindo um exemplar da Memória dos Festejos, para ser enviado ao Conde de Kimberley, Ministro das Colónias, a fim de fazer vêr ao Governo Britannico o que póde e val a communidade portuguesa de Hongkong. O sr. Gedeco Nye, que cultiva as letras, pediu quatro exemplares [da Memória dos Festejos] para serem enviados a litteratos seus amigos. O sr. Frederico Degenner, socio correspondente de Anthropologia e Geografia de Stockholmo, pediu tambem um exemplar para aquella sociedade scientifica. – In Defeza do Darwinismo, P. A. da Costa, Hongkong, 1880.
- Entre 1919 e 1927, Xangai atingiu o seu apogeu económico, usufruindo do dinamismo das concessões estrangeiras, do enfraquecimento do poder central de Pequim, da fragilidade da República chinesa, da divisão da sociedade chinesa, que enfrentava agitados movimentos sociais, sobretudo no sul da China, e da I Guerra Mundial (1914-1918), que enfraqueceu as potências estrangeiras, in Alfredo Gomes Dias, 156.
- Sobre este assunto, ver Diáspora Macaense, Macau, Hong Kong, Xangai (1850-1952), de Alfredo Gomes Dias, 143-146. O 1.º consulado a instalar-se foi o inglês (George Balfour), em 1843, numa casa alugada a um rico chinês com interesses também em Hong Kong. Seguiu-se o consulado francês, em 1847 (Charles de Montigny), para a formação da Concessão Francesa em 1849. Criou-se uma municipalidade, que incluía britânicos, americanos e franceses. Em 1863, americanos e ingleses acordaram na constituição de uma concessão única, a Concessão Internacional, de que Paris não fazia parte. A Concessão Francesa era uma área residencial por excelência, sendo considerada a Avenue Joffre, com os seus cafés, boutiques e restaurantes, os Campos Elísios de Xangai. O governador de Macau João Maria Ferreira do Amaral escolheu os representantes da firma britânica Dent, Beale & C.ª, a mais respeitada da China, para serem os nossos cônsules de Xangai, tendo nomeado Mr. Beal (sem pagamento), dando aos macaenses a protecção de um Cônsul pertencente a uma prestigiada casa comercial. Isidoro Francisco de Guimarães, governador de Macau entre 1868 e 1872, informava num ofício para o Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar o seguinte: Os Cônsules de Portugal na China são empregados que não recebem soldo algum, que poucos ou nenhuns emolumentos disfructam, no mesmo tempo que têm muito trabalho e que frequentissimas vezes se acham envolvidos em questões desagradaveis com os muitos subditos portuguezes que residem nos differentes portos da China, porque todas as cauzas crimes ou civis relativas a estrangeiros são tratados nos respectivos Consulados, e não nos tribunaes do paiz, como acontece na Europa e America (cit. por Alfredo Gomes Dias, 152).
- Idem, 173.
- Idem, 302.
- In Famílias Macaenses, de Jorge Forjaz, Volume I, A-F, Fundação Oriente/Instituto Cultural de Macau/Instituto Português do Oriente, Macau, 1996, 850.
- “Eça de Queiroz e a emigração chinesa de Macau”, de António Aresta.
- Carlos Augusto Gonçalves Estorninho, “Em jeito de Introdução”, in C. A. Montalto de Jesus, Macau Histórico, Livros do Oriente, Macau 1990, 7. A 1.ª edição, de 1902, por Kelly & Walsh. Printers and Publishers, foi escrita em língua inglesa.
- In ob. cit. 7, 8.
- In ob. cit. 334.
- Na proposta de admissão, constam as seguintes personalidades: Lourenço Pereira Marques, macaense, médico e filantropo, que, durante 16 anos, exerceu medicina em Hong Kong, e em Macau, após a reforma (onde trabalhou gratuitamente em prol da população macaense), autor, entre outros escritos, de A Validade do Darwinismo, publicado em Hong Kong, em 1882; Luciano Cordeiro, escritor, historiador, geógrafo e político, um dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa e um dos representantes de Portugal na Conferência de Berlim, em 1884/1885; e Alfredo Jorge Vieira Ribeiro, negociante de Hong Kong, sócio ordinário n.º 2508 de 1895 - in Relação Nominal dos Sócios desde a Fundação, em 10 de Novembro de 1875, Precedida de Alguns Documentos Que Interessam à História da Sociedade, ed. Sociedade de Geografia de Lisboa, 1900, 10.
- Esteve ligado a importantes firmas de Hong Kong: P. J. Lobo & C.ª, Ltd, Associated Liquor Distributors (HK) Ltd, Hong Kong Macao Hidrofoil Co., Ltd, Johnson & Johnson (HK) Ltd, Martell Far East Trading Ltd, Seagram Far East, Somec Group of Companies, Kjeldsen & Co. (HK) Ltd., Perrin Cooper & Co. Ldt., e Pictet (Asia) Ltd.) – In Famílias Macaenses, de Jorge Forjaz, Volume I, A-F, Fundação Oriente/Instituto Cultural de Macau/Instituto Português do Oriente, Macau, 1996.
- Carta de brasão de armas, de 9.1.1987, in Famílias Macaenses, de Jorge Forjaz, Volume II, G-P, Fundação Oriente/Instituto Cultural de Macau/Instituto Português do Oriente, Macau, 1996, 357.
- In Famílias Macaenses, de Jorge Forjaz, Volume I, A-F, Fundação Oriente/Instituto Cultural de Macau/Instituto Português do Oriente, Macau, 1996, 671-672.
- “Macau e os Macaenses”, de Deolinda da Conceição, in Notícias de Macau, 1950.
- Entrevista a Jorge Hagedorn Rangel em Macau, Setembro de 2013.