02.06.2023
“Macau in the Second World War, 1937-1945 – Diplomacy, Politics and Society” é o nome do livro que Sonny Lo vai apresentar hoje no Instituto Internacional de Macau (IIM). A obra pretende compreender o papel de Macau neste período, explicando e interpretando o contexto político da região na altura.
Sonny Lo, professor universitário na HKU Space e politólogo com foco nas questões de Hong Kong e Macau, lançou, no ano passado, o livro “Macau in the Second World War, 1937-1945 – Diplomacy, Politics and Society”. Hoje, o autor vem apresentá-lo ao território, no Instituto Internacional de Macau (IIM), numa sessão que começa às 18h.
O livro tenta oferecer uma reinterpretação da história política de Macau de 1937 a 1945, período em que Japão e China estiveram envolvidos na Segunda Guerra Mundial. Recorrendo a uma série de fontes inglesas e chinesas, Sonny Lo explora o contexto diplomático e social de Macau em tempo de guerra sob administração portuguesa.
A análise baseia-se no conceito de “neutralidade” portuguesa e olha para a história política de Macau, nomeadamente para o papel dos colaboradores japoneses e dos guerrilheiros comunistas. “Procurando responder a questões importantes como a razão pela qual Macau não foi invadido pelo Japão na Segunda Guerra Mundial e qual o papel desempenhado pelo Governo do Partido Nacionalista durante este período, este livro apresenta uma nova abordagem à análise da história diplomática de Macau. Uma leitura única para os estudiosos da história da China, este livro será também interessante para aqueles que investigam a história diplomática e política durante a Segunda Guerra Mundial”, descreve o autor.
Para Sonny Lo, “a neutralidade de Macau ilustrava as fraquezas de toda a administração portuguesa de Macau; a sua capacidade de governação era fraca e tinha de se apoiar numa parceria com grupos de interesse chineses locais e organizações intermediárias; e a sua diplomacia manteve uma política de apaziguamento em relação ao Japão durante toda a Segunda Guerra Mundial“. No entanto, Sonny Lo argumenta no livro que “a neutralidade poderá ter transformado a fraqueza da Macau sob administração portuguesa em força, nomeadamente abrigando os refugiados do continente e de Hong Kong, evitando, na medida do possível, a perda de vidas entre os residentes e alimentando a população, especialmente os pobres e os necessitados”.
Em conclusão, Sonny Lo diz que a Macau de entre 1937 e 1945 “testemunhou os aspectos inconstantes, confusos, contingentes e oportunistas da neutralidade por parte dos administradores portugueses ao longo do tempo”. “Enquanto o conteúdo da neutralidade se caracterizou pelo facto de Portugal ter evitado estrategicamente envolver-se em conflitos militares durante a Segunda Guerra Mundial, o contexto político da neutralidade foi pontuado pelas lutas amargas entre a China e o Japão, a persistência de um Estado chinês profundamente dividido, a intensa competição entre o KMT e o PCC e as rivalidades entre os Aliados e o Japão. O estudo do caso de Macau sob o domínio português pode esclarecer o contexto político muito complexo e o conteúdo da neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial”, conclui o politólogo.